quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

IMPRENSA: ENTREVISTA A RENATO


Chamar refundação ou renascimento ao Salgueiros não faz sentido. A Alma nunca se perdeu, a paixão nunca foi posta em causa, e na hora da verdade, os verdadeiros não faltaram à chamada.


Renato Assunção, iniciou a carreira no futebol profissional no Sport Comércio e Salgueiros, e terminou no Sport Clube Salgueiros 08, no ano da fundação, e da conquista do título de campeão distrital da 2ª Divisão, da AF Porto.
Treinador nos escalões de formação, venceu dois campeonatos, e assumiu interinamente a equipa sénior. Depois de um período afastado de Vidal Pinheiro, regressou, para coordenar o departamento de futebol sénior e o escalão de juniores.
Em conjunto com a equipa técnica liderada por Paulo Gomes, estruturou um plantel equilibrado.Líder da série C, do Campeonato Nacional de Seniores.
Esta semana, a Voz Desportiva tem Alma Salgueirista.
Obrigado pela sua participação

Voz Desportiva – Uma curiosidade. Entrar no balneário e dar de caras com Vinha, Cau e Fernando Almeida, ter como treinador Pedro Reis. Para si. Foi o reavivar do seu início de carreira, quando estas figuras do Salgueiros, já eram futebolistas consagrados?

Renato Assunção – Quando subi a sénior no Salgueiros encontrei figuras míticas do clube como Vinha, Pedro, Jorginho (que neste momento está a trabalhar connosco), Rui França e muitos outros craques que podia estar aqui a referenciar, e aqui faço um reparo, o Fernando e o Cau quando chegam ao clube já eu era sénior. Passados 17 anos, depois de ter andado por outras paragens e ter posto fim à minha carreira como profissional recebo um convite do Pedro Reis para fazer uma “perninha” no projecto Salgueiros 08 onde encontrei também o Fernando Almeida, Cau e Heitor.
Foi o reavivar de tudo de bom que o Salgueiros me deu, era hora de eu retribuir. É evidente que encontrei muita coisa diferente, já não tínhamos o velhinho Vidal Pinheiro, as condições de trabalho não eram as mesmas, mas duas coisas me marcaram naquela época, uma pela negativa, o carácter, a humildade, a vontade de aprender e o respeito pelos mais experientes que eu tinha enquanto jovem já não existiam na maior parte dos jovens daquele plantel, a outra pela positiva, a alma dos salgueiristas estava mais forte, a vontade de renascer era incrível, jogávamos no campo do Senhora da Hora sempre lotado e naturalmente que fomos campeões.

VD – Regressa este ano para exercer outras funções, ao clube onde terminou a sua carreira futebolística, iniciou a carreira de treinador, foi campeão como jogador e treinador. Uma vez Salgueiros, sempre Salgueiros?

RA – Tenho o Salgueiros no coração, com esta já é a terceira vez que regresso, das outras saí magoado com algumas situações que se passaram, mas a minha vontade de ajudar o clube é muito forte, neste momento as pessoas são outras e acredito que juntamente com elas vou trabalhar para que não se dê mais nenhum passo atrás.

VD – Como é que encontrou o clube quando chegou? Quais foram as prioridades?

RA –  Eu estive sempre a par do que se passava no clube, sabia que as coisas estavam a ir por um caminho que não tinha saída, inclusive avisei algumas pessoas que mais tarde ou mais cedo este projecto iria acabar, foram cometidos vários erros no futebol sénior como no futebol de formação. As prioridades passavam por equilibrar as contas do clube, e reestruturar a equipa sénior e o escalão dos juniores.

VD – Foi fácil aceitar o convite da comissão administrativa do Sport Clube Salgueiros 08, para assumir este compromisso?

RA – O clube precisava de alguém do futebol para organizar o departamento, sabia que ia ter um trabalho muito difícil, o orçamento que tinha para a equipa de futebol era menos de metade da época anterior e isso originou que muitos jogadores fossem embora. Mas de uma coisa eu tinha a certeza, ao trabalhar com pessoas sérias e ao fazer um trabalho sério, era possível, por isso, não me foi difícil aceitar o convite  

VD – Entraram muitos jogadores novos esta temporada. Rapidamente perceberam o que é o Salgueiros, e o peso de representar um clube seguido por uma massa adepta apaixonada e exigente?

RA – Entraram 19 jogadores, embora os jogadores saibam o que é, e conheçam o Salgueiros, tive o cuidado de, nas conversas que ia tendo com eles dar a conhecer um pouco da história e do que é o clube. Tive também o cuidado de lhes dizer que iam ter uma massa adepta que nunca tinham tido igual, que os ia acompanhar para todo o lado, nos bons e nos maus momentos. Quando eles começaram os treinos estavam perfeitamente identificados com o clube, e aqui não posso deixar de ressalvar o trabalho importantíssimo e a ajuda que me deu o Mister Paulo Gomes.

VD – No final da presente temporada, termina a parceria que gere o futebol juvenil na sua totalidade. Reestruturar o futebol juvenil, e dar-lhe a dinâmica de outros tempos, é o passo seguinte, ou será encetada uma nova parceria?

RA – Neste momento não consigo responder a essa questão, é uma situação que estamos a estudar, mas uma coisa sei, o clube tem de preocupar-se com a formação. E aqui deixo um apelo a esta comissão administrativa ou a outra qualquer direcção do Salgueiros, sem uma boa formação nem o Salgueiros nem outro clube vão resistir.

VD – Sendo o Salgueiros um viveiro de excelência no futebol de formação em Portugal. Como vê o futuro do clube nesse sentido, tendo em conta que o início do Salgueiros 08, partiu desse princípio?

RA – A resposta a esta pergunta está dada na anterior, ou seja, na minha opinião o Salgueiros 08 para sobreviver tem que apostar na formação, e que me perdoem os adeptos a minha honestidade, se tivermos a possibilidade de subirmos de divisão não a vamos desaproveitar e é um marco ao qual também fico ligado mas neste momento temos meios financeiros e estruturais para integrar-mos o futebol profissional? Não será mais importante criar-mos primeiro as bases para depois sim, pensarmos nessas andanças? É uma questão que deixo aos adeptos.
Aproveito também para deixar aqui uma prova dos erros cometidos, de que serve formar-mos Vigário ( V.Guimarães ) e Marco ( P.Ferreira ) se depois vão embora sem o futebol sénior e o clube tirar proveito disso. Porque se fizeram tantos contratos profissionais e não seguraram duas certezas do nosso futebol?

VD – No decorrer do presente campeonato, o Salgueiros viu sair um dos jogadores mais influentes da equipa, Carlos Sousa. Estão previstas entradas e saídas de jogadores, na reabertura das inscrições?

RA – Neste momento estamos satisfeitíssimos com todos os jogadores. Para já não estamos a pensar em alterar nada

VD – Que balanço faz destes seis meses como responsável pelo futebol do Salgueiros, e quais são as suas perspectivas para o futuro do velhinho e sempre novo salgueiral?

RA – São seis meses que deram muito trabalho e empenho mas que não poderiam ter corrido melhor. As perspectivas a partir daqui são, não olharmos mais para trás porque para a frente é que é o caminho, ou seja, melhorar sempre, tendo como único objectivo VENCER

VD – O que é que distingue o Salgueiros dos outros clubes?

RA – A ALMA

VD – Para terminar a nossa entrevista, deixe uma mensagem aos adeptos salgueiristas, que domingo a domingo, marcam presença nos estádios, e apaixonadamente apoiam o clube.

RA – Não deixem de acompanhar e apoiar jogadores, treinadores, fisioterapeutas, técnico de equipamentos, directores e direcção, no fundo toda a gente que está a trabalhar para levar o SALGUEIROS até onde ele merece, certo de que nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para não vos desiludir. 



Rui Cardoso - Voz Desportiva

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